O Rap Geek é Música ou Não? O pré-conceito Prejudica este Gênero

Danilo Medeiros

Alguma vez você já julgou algo sem mesmo conhecer aquilo? Tipo uma comida só por conta da sua aparência? Um determinado povo só por eles morarem em determinado local?


Eu não sei porque eu perguntei isso. É um evento canônico. Já aconteceu. Infelizmente a gente vive no mundo da aparência, meus amigos.


Então, música de anime, rap geek, rap nerd, rap de desenho, música de desenho, enfim. Eu escuto, gosto muito. Inclusive, é ótimo deixar tocando os personagens de fundo dizendo que vão jogar poderzinho e vingar seu clã. Tudo isso enquanto eu treino, na maneira que eu tô falando aqui já tá remetendo de que esse esse tipo de música não presta. E é bem melhor a gente falar de arma, mulher, dinheiro e etc.


Mas calma que eu não tô aqui para falar mal de nenhum estilo musical e sim para mostrar que rap de anime também pode ser música.


Isso aqui chegou no Brasil por meio do Taus e dos 7 Minutos. Mas pouca gente sabe que na real o primeiro que realmente trouxe esse estilo de música para cá foi um cantor chamado Flick. Que em 29 de setembro lançou o tão esperado "Rap do Vegeta".


"Saindo da terra procura de seu irmão

Foi a cumprir a missão que lhe era dada

Acabar com os terráqueos

Declarando apenas que iria destruir a terra"


Desculpa se você tá achando isso uma merda. Mas a gente tá falando de 2011. Então pega um pouco mais leve. Mas e se eu te falar que na real essa música foi muito bem aceita na época. Com vários comentários positivos e gente motivando ele a continuar. Só que infelizmente ele acabou não continuando e seguindo a vida.


Foi aí que quase dois anos depois, em 14 de abril de 2013, o canal que seria conhecido posteriormente como o maior canal de rap nerd do mundo lançaria sua primeira música. Sendo "Rap do The Walking Dead".


Por último, temos considerado um dos pais do rap geek que é o Plebeus Taus. Bom, eu acredito que até tu que não gosta desse tipo de música já ouviu falar dele. Em 2014 ele estaria trazendo o primeiro rap de um jogo aqui no Brasil. Sendo "Rap do Daisy".


"Nós temos que sobreviver

Fim do mundo Daisy

Matar ou morrer

Esse mundo anda muito sombrio

Há perigo em toda parte

Te apontando fuzil

Mas eu tô preparado pra isso

Fui treinado pra sobreviver

Não é para os fracos

Aqui é o lugar onde os fortes prevalecem

Misericórdia apenas para aqueles que merecem"


Agora o problema é que muita gente pensa que continuou desse jeito por todos esses anos


E aí que começa o preconceito ao rap nerd. É indiscutível que o tempo não parou e que as coisas mudaram. Novos cantores vieram, juntamente com novos estilos de cantos, novas abordagens aos personagens e entre outras coisas.


O meu objetivo nesse artigo não é de maneira alguma fazer tu gostar desse tipo de música e sim acabar esse preconceito de que qualquer coisa desse nicho não presta sem ao menos ter vivenciado antes. Porque acredita, tem muita gente assim.


Recentemente teve um caso do Jumentossauro falando sobre esse tipo de rap. Mas eu não vou querer entrar nesse caso pois ao contrário de muita gente ele pelo menos escutou as músicas. Falou muita merda, talvez. Mas não vem ao caso nesse momento.


Uma das coisas mais comuns que existem é as pessoas julgarem apenas pela capa. Principalmente por nela estar escrito a palavra rap e ao associarem que tá ligado com personagem de anime tudo vai por ladeira abaixo.


Para quem não sabe, o rap em si começou na Jamaica e depois foi para os Estados Unidos servindo mais como um protesto devido a segregação racial e os altos índices de violência a pessoas negras. E isso nos faz pensar que esse gênero é uma coisa séria e que tem que transmitir alguma mensagem importante. E quando eles vem essa palavra do lado de um personagem de desenho isso de a galera já pensando que é um desrespeito à cultura.


Mas quem disse que rap de anime não traz mensagem? Se os próprios animes trazem, porque a música não traria? Eu escuto vários artistas que produzem sons sensacionais.


Se isso não transmite nenhuma mensagem para ti, eu não sei o que que transmite então.


Lembra dos 7 Minutos com aquelas batidas repetitivas e coisas do gênero? Pois é, eles também evoluíram e mostraram que existem outros ritmos de música geek como esse aí.


E é incrível ver os inúmeros estilos musicais

Que uma música de anime pode ter

Como até mesmo com batida de funk



E existem inúmeros outros estilos musicais como as músicas do Rodrigo Zinho que são mais fundamentadas nas letras e em críticas sociais.


"O fim que teve toda a humanidade

Que sua vontade

Antes da gente com bombas nucleares

Igualmente acabaram com os lares

Pela frente as vidas de milhares"


Tem gente até cara que canta em inglês como as músicas aí do Henrique Mendonça sobre o Tanjiro.


E se eu te disser que esse cara também canta em francês? Mas bom, eu não vou mostrar nesse vídeo. Vai lá no canal dele para tu olhar. É coisa de outro mundo.


Enfim, eu acho que é nítido a identidade de cada cantor aí. E isso demonstra que comparado com aquele rap lançado pelo Flick em 2011, as coisas mudaram muito. Tanto nos ritmos quanto na maneira de cantar. E sim, os versos não são vazios. Eles possuem significado, possuem experiências vividas por alguém. A interação é algo pessoal. Cada um consegue extrair algo diferente. E é isso que torna a música de anime tão incrível e inovadora.


E isso não serve só para rap geek e sim para inúmeras coisas que você conceitua sem ao menos ter experimentado ela. Então não vamos deixar que a ignorância tome posse de nosso corpo e mente. Ter uma posição crítica é bem diferente de não saber por onde anda.


Bom, o vídeo foi esse. E eu tenho certeza que tu não deve ter entendido nada. Porque eu trouxe um tema desse para cá. Mas para mim isso daria um bom artigo. Eu espero que eu tenha conseguido te trazer até aqui. E para eu saber se realmente tu chegou nesse ponto eu quero que tu comente "rap de anime é ruim sempre" só pra galera que não assistiu até o final não entender nada e assim eu começar meu marketing.



Danilo Medeiros
Recém formado em R.H e Administrador da Overcentral Instagram: @danilopablolima
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