David Cronenberg segue com seu cinema mais pessoal e estranho, mas em The Shrouds tenta superar seu próprio luto
David Cronenberg, renomado por seu estilo único e perturbador, lança sua nova produção, The Shrouds, mantendo-se fiel ao seu distintivo horror corporal, mas explorando um terreno profundamente pessoal.
Em The Shrouds, Cronenberg eleva sua marca registrada a um novo patamar com uma obra repleta de horror corporal, característica de seu estilo autoral, enquanto infunde o filme com elementos autobiográficos mais explícitos do que nunca.
O filme conta a história de Karsh, um empresário viúvo de cinquenta anos que desenvolve uma tecnologia revolucionária permitindo que os vivos vejam aqueles que estão nos caixões. Assim, Karsh pode observar a decomposição do corpo de sua falecida esposa, Becca, vítima de um câncer que parece continuar a devorá-la mesmo após a morte.
The Shrouds será o filme mais pessoal de David Cronenberg
Interpretado pelo ator francês Vincent Cassel, o personagem Karsh, através da maquiagem, lembra a aparência do próprio David Cronenberg, talvez a única pessoa capaz de compreender totalmente as emoções de Karsh.
Cronenberg levou este projeto a um nível pessoal inédito, inspirado pelo sofrimento que enfrentou com a morte de sua própria esposa, Carolyn Cronenberg, vítima de câncer aos 66 anos, há sete anos. “Em parte, me inspirei na morte da minha esposa em 2017. Estivemos juntos por 43 anos”, revelou David Cronenberg em uma entrevista à Variety.
“Na verdade, todos os meus filmes são pessoais de uma forma ou de outra, mesmo um filme como Um Método Perigoso, por exemplo, que não pareceria muito óbvio. Não é necessário que o público saiba disso. Em minha opinião, isso não é relevante para a experiência cinematográfica”.
Cronenberg acrescentou que o mesmo ocorre com The Shrouds: “O fato de que possa ter um significado pessoal para mim e que algumas falas possam vir da minha experiência real de vida não a torna automaticamente um bom filme. O filme precisa se sustentar por si mesmo”.
A expectativa em torno de The Shrouds é alta, não apenas pela habilidade de Cronenberg em criar narrativas perturbadoras, mas também pela profundidade emocional que promete trazer, tornando esta obra um reflexo do luto pessoal do cineasta.